segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Do anoitecer ao amanhecer

Hoje levantei e vi que o sol brilhava menos
E tudo que eu via, pouco reluzia
Dia em rebeldia

Hoje deitei lua mas vi sol alvorecer
Das cigarras aos passarinhos
Aos primeiros burburinhos

Na última vez em que fechei os meus olhos
Te vi em meus sonhos
O tempo nos tornou estranhos

Hoje o sono não mais me convém
Não sei se vivo pesadelo
ou se dele sou refém

Quando estar acordada causa dor e causa sofrer
O sol se apaga, a tristeza afaga
O coração naufraga
do anoitecer ao amanhecer.

domingo, 7 de julho de 2013

sufocada

Sinto informar que estou sufocada em minhas próprias palavras
as palavras que deixaram de sair, e até as que me foram impostas
sufoco tanto que sufoco até minhas lágrimas
encontro-me fazendo força para chorar
cada pedaço dos meus fracassos sufoca mais um pouco
não foi, não está sendo, e não será
costumava chamar meus fracassos de planos...

Mas é tão fácil dizer que está tudo bem, é tão fácil sorrir
que eu não tenho porque me incomodar com os fatos
se cada dia vivido é uma conquista, então já conquistei muito
De tudo que reprimo, só sobram os soluços

Eu quero distância
mas quero carinho
Quero solidão, mas não quero ficar sozinho
e assim o meu eu se sufoca em contradição.

sábado, 20 de abril de 2013

acordando

Às vezes fico frustrada por não conseguir ser boa o suficiente no que estou fazendo. Mas então penso... se eu não consegui ser boa o bastante em algo que eu tinha prazer em fazer, como serei boa em algo que mais vejo como obrigação do que paixão?
Aí bate aquela saudade de fazer as coisas que fazíamos por pura vontade, as coisas que alegravam a alma de verdade.
Sabe, eu só espero que deixar pra depois não seja tarde demais, que não chegue um dia em que eu esteja convencida - ou seja convencida - de que os sonhos... bom, os sonhos a gente deixa pra na hora de dormir, não é mesmo? É, a realidade é bem diferente do que aquela que a gente sonhou, e dói cair na real.
Mas fala sério... vocês não me levam a sério.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Imunologia da psique

Meu andar sem rumo
Meu olhar úmido
querendo ser desvendado
ao mesmo tempo em que permanece calado

Assim como o inteiro ofendido
que nada fez além de se calar
Nada pôde fazer
Não pôde nem se defender

Os prantos eu não consigo silenciar
gritam, esperneiam, querem ser ouvidos
Por mais que sejam desmerecidos
Emudecidos ou não, caem sem hesitar

E se eu adoeço com tanto mal
Minha casa é punição
E o mundo é uma prisão
Encontro-me em um conflito existencial

Como existir sob essas circunstâncias?
A falsidade nos dá ânsia
A ofensa e o desrespeito permanecem impunes
Será que com o tempo nos tornarem imunes?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Só tua

Não sei viver pela metade
Não sei amar pouco
Não sei amar muito
Só sei amar de verdade

E se eu quero olhar tua boca
Ou beijar teus olhos
É porque nunca me contento
E qualquer coisa de você é coisa pouca

Já quando em teu peito deito
Em seus braços segura e abrigada
Feliz aquela que é amada
Tanto quanto eu me deleito

E se algum dia porventura
eu exigir-te algum direto
Lembra-me de ser só tua
Que só disso já faço bom proveito.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Dor

Dor pra mim é estopim
Da inspiração
É faísca no capim
Que incendeia a plantação

Dor pra mim é despertar
De um vazio
Dor é adivinhar
Dor faz parte de sonhar

E se tem sonho, tem vida
Se tem vida, tem partida
E toda partida é dor, é ferida
Mas diante da dor e da vida
Nenhum forte trepida

Dor é pra quem sente
Quem vive
É risco frequente
É um golpe iminente

Dor pra mim é acordar
De um sonho
É ter que apagar
Quando só se quer lembrar