quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Seleção Natural

     As ondas urbanizadoras atuais e do período da Revolução Industrial carregam características semelhantes, embora separadas por décadas. Ambas apresentam caráter desenvolvimentista, porém em um cenário caótico que persiste através dos anos. Nos tempos de Revolução Industrial, estava ocorrendo o êxodo rural, indústrias surgiam - ainda que descompassadamente - por quase todo o mundo, ao menos nos países considerados potência da época. Uma grande massa trabalhadora se mudava para a cidade, e embora não tivessem condições de se manterem nos centros, a cidade era onde o desenvolvimento residia, portanto era destino certo para quem quisesse desfrutar das vantagens dos "novos tempos" que estavam por vir. As disputas pelo poder tiravam o foco do governo dos problemas que poderiam ocorrer com a urbanização desenfreada, sem controle, e com a mínima infraestrutura.
     Um grande contingente populacional se estabelecia na cidade, e como não havia estrutura para que todos vivessem em condições ao menos HUMANAS de vida, rapidamente as DESvantagens da cidade deram as caras.Assim o caos se arrastou, com poucas medidas que contivessem esses problemas, ou que melhorassem a situação de quem optava por viver nos centros urbanos. Hoje, vemos que a miséria, as condições de sobrevivência, as mazelas da urbanização perduram até os dias atuais, onde essa desordem tomou proporções tão grandes que se não irreversíveis, de quase utópica resolução.
     É comum ver cidades com graves problemas de saneamento básico, violência, transporte público, segurança, e o que mais de ruir provier da má administração de suas ocupações. Países ricos mas que ainda assim pouco se importam em sanar esses problemas, apenas procuram maneiras de disfarçá-los. Enquanto a parte rica da população desfruta das mais variadas regalias, outra parte padece sob o espectro da pobreza, ouvindo promessas de que tudo irá melhorar, sem saber que a seleção natural irá eliminá-los sorrateiramente.
     No entanto, não se pode culpar a Revolução Industrial, os incentivos de urbanização, pelo caos que se instalou durante os anos. É inegável que o desenvolvimento, a vida na cidade, trouxe muitas vantagens para o ser humano, mas agravou problemas que antes eram insignificantes.  A ganância do ser humano é que fez com que a história tomasse rumos diferentes, rumos que beneficiaram poucos e prejudicaram muitos. A desigualdade social é mais uma das heranças dos tempos de Revolução, quando os que detinham a máquina e o capital enriqueceram, e os que tinham apenas a mão-de-obra a oferecer, foram explorados e de certa maneira obrigados a viverem em condições sub-humanas de existência.
     Assim, vive-se em um cenário desolador, onde quase não há esperanças para o futuro. O ser humano está cada vez mais egoísta, procurando tirar vantagens em qualquer negócio, sem se preocupar com as consequências que isso possa trazer a outras pessoas. O grito de desespero dos que sofrem esse martírio é silenciado pelas autoridades e por aqueles aos quais não interessa que essa situação seja revertida, só lhes resta rezar por um futuro melhor - ainda que seja uma manobra quase inútil. A "raça" dos mais pobres está fadada à extinção, mas não porque estes se tornarão ricos, e sim porque a maior dádiva que poderão receber daqui pra frente, será a morte.